21 de novembro de 2017

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SAmuel e a vida escolar parte 5: Formatura do CEI , primeiras impressões da EMEI



      Durante 3 anos, o Samuel esteve numa escola em que, apesar de todas as minhas tentativas inconscientes de ignorar o fato dele ser deficiente, fez tudo que pode para lhe oferecer qualidade de vida  durante as horas de aula. Encerramos um ciclo do CEI com a sensação de que "deu tudo certo" , muita gratidão por todos os envolvidos.
    Ao fim do último ano, tivemos uma celebração de formatura, com a presentação musical, entrega de canudo, slides de fotos e algumas belas palavras da diretora sobre a estadia do Samuel. Nos emocionamos muito com tudo. Mas além da emoção, eu estava tensa e desconfortável, como em todas as vezes que precisei ir até a escola e para piorar meu desconforto, durante a apresentação musical, houve algum barulho inesperado no som e o Samuel se assustou e chorou, chorou aquele choro de cortar o coração de qualquer pessoa. Tomamos a atitude de tirá-lo da cadeira e seguir a apresentação como ele nos braços, uma cena para mim constrangedora e avassaladora. No entanto, para meu filho foi uma alegria estar com a mamãe. Para mim, isso deveria bastar, mas não bastou. Havia dor, dor pelo tempo que se foi e medo pelo tempo novo que se iniciaria. Quantas coisas ainda estavam por vir, quantas situações mais eu deveria enfrentar com alegria e naturalidade que até aquele momento não existiam?

     No ano seguinte  (2016), muda-se tudo, escola nova, dinâmica nova, logística nova, quantidade de crianças nova. Se antes ele tinha que dividir a sala com 19 amiguinhos, este ano seriam 34! Como professora, me assustei com esse número, me colocando no lugar da professora dele (e:  "como daria conta de atender a tantas crianças com necessidades diferentes, dentre elas, um com necessidades especiais?").  Qual seria o meu sentimento, o meu raciocínio, minha interpretação dos fatos? No mínimo passaria pela minha cabeça "Uma criança que não anda, nem fala???!!!!" 

     Agora, imagina você, professora, receber a notícia de que receberá uma criança desse "nipe " no dia da primeira reunião de pais!
     Foi isso que aconteceu!Cheguei na reunião do Samuel e a professora não fazia a mínima ideia de que receberia uma criança como ele ! Isso me travou, me ascendeu uma luz de perigo no meu cérebro e deu o "start" para a buzina da culpa gritar no meu coração.

    Eu realmente não sei lidar com essa buzina ensurdecedora abafando os outros sons ao meu redor, só consigo ouvi-la gritando bem alto e dizendo que estou fazendo tudo errado desde que tomei a decisão de ser mãe. 

É complexo.

    Sei que devia ter procurado a coordenação da escola e conversado melhor sobre quem é o Samuel, mas confesso que estive em paz após preencher um formulário gigante apresentando todas as características peculiares dele, crente que isso era suficiente para pelo menos informar a professora sobre que criança estariam recebendo.

    Mas como diz minha mãe, "papel num serve para nada, senão pra ficar guardado."

    Para encerrar, digo que por conta deste incidente não tive coragem de levá-lo a escola, passei boa parte da manhã deste dia, o primeiro dia de aula de 2015 , chorando copiosamente e em total desespero. Não pelo tamanho da situação, pois esta  se resolveria facilmente indo conversar com o coordenador da escola e esclarecendo minhas dúvidas a respeito do motivo pelo qual a professora não estava ciente da chegada do Samuel em sua sala, da tal estagiária que poderá atender individualmente o Samuel,mas que ninguém na escola soube me informar quem é,  do Transporte Escolar Gratuito especial que ele tem direito, mas que também não consegui encontrar e contatar. O motivo do meu choro, entretanto, são os sentimentos que vem a tona a cada situação "fora do habitual" que a condição do Samuel nos trás. Neste instante eu percebo que ainda há muito que acontecer dentro de mim, para conseguir "andar" e resolver os revezes do dia a dia .


continua...

4 comentários:

  1. querida, como este post é sobre 2016, espero que tudo tenha entrado no eixo.
    deixo aqui, o meu abraço e empatia para você.
    além de mãe, e amarmos nossos filhos, é impossível não fraquejar em alguns momentos.

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  2. Sempre passo por aqui revejo o sorriso do Samuka, sei que não deve ser fácil, mas aos poucos as coisas vão se acertar, que Deus abençoe a mulher mais que especial que escolheu para ser mãe do anjinho Samuel....grande abraço, coloca foto desse lindo para nós vermos!

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  3. Ah que delicia passar aqui e vc que vc tbm esteve aqui rs, some daqui não flor. Beijos em vc e no Samuca. tudo de mais linda para essa família

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  4. Oi Aline, saudades do tempo que estivemos juntas no Calu. Me emocionei muito!
    Beijos no Samuka!!

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